sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sessão Fala Viela


Em um domingo de chuva chego a um lugar que nunca fui, embora tenha passado inúmeras vezes em frente, isso me faz perceber que não olho o mundo a minha volta, que não observo a cidade que moro, que não enxergo o outro.
Nesse lugar que não é bonito, pelo contrário é feio, mas é um feio de descaso público, de falta de respeito à cidadania com as pessoas que moram ali.
É no alojamento José Fornari que algo acontece de bonito, é a exibição de filme ao ar livre (“3ª mostra de cinema"), exibição essa que acontece quinzenalmente pelo esforço de um grupo de pessoas que resolveram não se acomodar, que resolveram se indignar com as injustiças sociais, e essa indignação vem na forma de arte.
Convidada pelo Núcleo de Comunicação Marginal vou à Sessão Fala Viela pela primeira vez.
A chuva aumenta e o público pega seus guarda-chuvas e continua assistindo, o filme de hoje é “O contador de histórias”, bela escolha, um filme brasileiro, humano e belo, real e emocionante.
Saio transformada porque apesar da chuva o público permanece, saio indignada porque muitos ali nunca tiveram a oportunidade de irem ao cinema, mas saio principalmente com a sensação de que é preciso sair do discurso, de que é necessário arregaçar as mangas pra que o mundo funcione como deveria, para que todos tenham as mesmas chances devemos sair da zona de conforto, do estado de inércia.
São iniciativas como essa que me faz acreditar que ainda vale a pena ser humano.

Nádia Costa
Foto: Christian Piana

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