segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ensaio sobre o Por do Sol

No texto "Rito de Passagem" explico como de repente me interesso pelo por do sol, ou melhor, em fotografá-lo, lembrei-me do texto da Conceiçao Bastos, então resolvi misturar as duas linguagens. Na wikipédia, o por do sol é o momento em que o sol se oculta no horizonte na direção oeste que pode ser considerado como um processo inverso do nascer do sol que é quando o sol aparece no horizonte na direção leste. Ao período do dia em que ocorre o por do sol dá-se o nome de "ocaso". O referido fenômeno apresenta muitas características a serem estudadas, mas devo me ater a alguns aspectos, como segue:
A dinâmica das cores - as cores vibrantes amarelo laranja vermelho se juntam ao lilás e á ultima tonalidade do vermelho que é o roxo machucado e vão se mesclando em infinitas gradações até que a noite se instala - com seu escuro de luzes urbanas, ou com seu escuro de luz de candeeiro na mercearia da vila, ou com o sino anunciando a ave maria e os adolescentes saindo do colégio com seus trinados peculiares numa cidadezinha qualquer.

A geografia das lembranças - neste tópico fiz várias descobertas em diversas fases da vida.Na infância, da calçada de casa, achava que o sol se escondia nas terras de meu avô; na adolescência, da varanda de casa, o sol se punha do outro lado da rua; Na vida adulta em três oportunidades de exílio doméstico, o sol era uma bola vermelha que brincava de esconde atrás de prédios rosas e azuis que eu avistava da janela.


Um país - este é o tópico mais complexo, pois após observar o fenômeno de vários ângulos, localizado em diferentes lugares, constatei que ele também é um lugar, mais precisamente um país ou ainda seja mais certo definir como um não-lugar.

Ritos de sobrevivência - Neste país ou neste não-lugar se pode transitar sem ansiedade, pode se alimentar de cores, de tempo, de lembranças. E de qualquer cidade, de qualquer mirante, numa estrada que você deixa pra trás. quando vai embora numa certa tarde de Sexta feira com destino a São Paulo, Rio de Janeiro ou Barcelona e a sensação de estar despencando, algo se perdendo para sempre em direção ao nunca mais e então o por do sol acolhe o choro, instala esse não-lugar, esse ponto para onde se pode voltar vindo de qualquer lugar; e assim se completa o pulo no abismo, e assim se pode enfrentar outros abismos e assim se pode inventar outros ritos, outros ritmos, outros ensaios.
Um Não-lugar de onde se pode ver a repetição dos dias, as pegadas do sol indo embora, marcando a passagem do tempo em suavidade e violência.
Nádia



Rito de passagem

Hoje, dia 26 de dezembro é vespera de meu aniversário, depois da euforia do natal, uma ótima data para nascer.
Esse ano resolvi ir para uma cidade mais calma, onde não conheço quase ninguém, foi a forma que encontrei para ir em busca de mim mesma.
Resolvi tirar fotos pela cidade, a natureza me chama a atenção, talvez porque eu esteja procurando a essência da vida.
De repente me interesso pelo céu, talvez porque eu busque os meus limites.
No céu descubro o pôr-do-sol, o último dos meus 27 anos, o próximo pôr-do-sol será de um outro ciclo de vida.
Chego aos 28 anos como quem chega do nada, vazia, mas não no sentido de não ter vivido, e sim de precisar esvaziar-se, de ter lugar para o novo. Olho o mundo como uma criança, como se fosse a primeira vez.
Completo o quarto ciclo de 7 anos, me renovo, como os sete dias da semana ou as sete fases da lua, sinto esse momento como um ritual de passagem.
Alguns caminhos eu já comecei a trilhar, mas algo novo se inicia, é como se fosse uma continuação diferente, um outro paragrafo, algo de mim ficou para atrás, talvez amanhã eu não sinta tantas mudanças, mas hoje é o fim de alguma coisa, de uma menina, de um medo, ou apenas uma passagem.

Nádia